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quinta-feira, 4 de agosto de 2016

A batalha de Micale pelo inédito ouro recomeça em Brasília Em 120 anos de Jogos, somente três seleções subiram no lugar mais alto em casa

Ed Alves/CB/D.A Press
Em 27 de agosto de 479 a.C., a Batalha de Mícale acabou com a invasão persa ao berço dos Jogos Olímpicos — a Grécia Antiga — durante as Guerras Médicas. O confronto aconteceu aos pés do Monte Mícale, na Jônia, perto da Ilha de Samos. Com os persas derrotados, os espartanos retornaram ao continente e Atenas ficou mais forte. Devastado pelo Uruguai na Copa de 1950 e pela Alemanha no Mundial de 2014, o Brasil inicia hoje uma nova defesa de seu território, agora, na Rio-2016. A Batalha de (Rogério) Micale pela inédita medalha de ouro começa hoje, às 16h, no Mané Garrincha, com a missão de impedir uma nova festa alheia em solo verde-amarelo.

A tarefa parece fácil. Só que não. Em 120 anos de Jogos Olímpicos na Era Moderna, apenas três seleções conseguiram subir ao degrau mais alto do pódio em casa. Todas no século passado. A primeira delas foi a Grã-Bretanha, em Londres-1908. Depois, a Bélgica, em Antuérpia-1920 na histórica final que não terminou. A Tchecoslováquia abandonou a decisão quando perdia por 2 x 0 em protesto contra o árbitro britânico John Lewis. O último país a dar a volta olímpica em seus domínios foi a Espanha, quando Pep Guardiola, técnico do Manchester City, e Luis Enrique, comandante do Barcelona, faziam parte daquele dourado elenco sub-23. Lá se vão 24 anos...

Desconhecido até herdar de Dunga o papel de técnico da Seleção Olímpica, Rogério Micale pode entrar para o seleto grupo dos técnicos que levaram o país ao ouro em casa. Só o inglês Alfred Davis, o belga Raoul Daufresne e o espanhol Vicente Miera conseguiram a proeza. “Minha vida já mudou. É uma grande oportunidade que tenho, agradeço a Deus porque me preparei durante anos. Essa equipe me abraçou, todos estão muito juntos querendo esse objetivo, me deixaram muito à vontade. O futuro a Deus pertence”, disse ontem no Mané Garrincha.

A Batalha de Micale pelo inédito ouro tem um fortíssimo capitão e dois fiéis escudeiros que conhecem bem a trincheira do Mané Garrincha. Maior artilheiro do novo Mané Garrincha em partidas de seleções, Neymar jamais deixou de estufar a rede dos adversários na capital do país. Brilhou na vitória sobre o Japão no início da campanha do título da Copa das Confederações em 2013. Comandou a goleada por 6 x 0 sobre a Austrália em um amistoso no mesmo ano. No Mundial de 2014, viveu uma tarde de gala contra Camarões. Foi autor de dois gols.

A pergunta, a partir de hoje, é se o capitão Neymar está de fato comprometido, dentro de campo, com a Batalha de Micale. A deserção na Copa América de 2015 está na memória da torcida. Expulso infantilmente contra a Colômbia na segunda rodada da fase de grupos, foi banido da competição. O cartão amarelo no clássico no empate por 2 x 2 com o Uruguai nas Eliminatórias para a Copa da Rússia-2018 também custou caro. Sem ele, o Brasil sofreu para arrancar empate com o Paraguai no jogo seguinte. “Não tenho medo de perder. Se tiver que perder, vai ser de cabeça erguida. Não passa pela minha cabeça perder, e sim estar na final no Rio, no Maracanã”, vislumbra.

Os tenentes

Um capitão precisa de um primeiro e de um segundo tenentes audaciosos. Um deles é Gabriel Jesus, vendido ontem ao Manchester City por R$ 121,1 milhões. O atacante também conhece o atalho para o gol no Mané Garrincha. Em 5 de junho, o moleque abriu o caminho para o triunfo do Palmeiras sobre o Flamengo, por 2 x 1. Só não fez outro porque o zagueiro César Martins deu uma de goleiro e impediu a obra-prima.

Artilheiro da preparação da Seleção Sub-23 para os Jogos Olímpicos com 7 gols, Gabriel Barbosa, guarda uma relação forte com o Mané Garrincha. No jogo da despedida de Neymar do Santos, em 2013, Gabigol estreou, aos 16 anos, como jogador profissional. Três anos depois, está na mira da Juventus e da Internazionale e pode fazer história ao lado de Neymar e Gabriel Jesus. “Vai ser um marco muito grande se a gente ganhar. É um título que ninguém conquistou”, disse, referindo-se às pratas em Los Angeles-1984, Seul-1988 e Londres-2012; e aos bronzes em Pequim-2008 e Atlanta-1996.

Traumas e casa cheia

A última vez que o Brasil jogou uma partida oficial no Mané Garrincha foi na decisão do terceiro lugar da Copa de 2014, na derrota por 3 x 0 para a Holanda. A despedida melancólica teve 68.034 pagantes. Para o duelo de hoje, todos os 65 mil ingressos foram vendidos. A África do Sul já venceu o Brasil nos Jogos Olímpicos. Foi em Sydney-2000, por 3 x 1. O time era comandado por Vanderlei Luxemburgo.

Tabus do século passado

As três seleções medalha de ouro em casa

Grã-Bretanha
Quando: Londres-1908
Uma seleção formada por jogadores amadores derrotou a Dinamarca por 2 x 0 na finalíssima dos Jogos Olímpicos.

Bélgica
Quando: Antuérpia-1920
Vitória por 2 x 0 sobre a Tchecoslováquia, que abandonou o jogo aos 40 do primeiro tempo em protesto contra o árbitro.

Espanha
Quando: Barcelona-1992
Com os técnicos Guardiola (Manchester City) e Luis Enrique (Barcelona) no time, a Espanha bate a Polônia por 3 x 2 na final.

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